Goiás desponta no mapa da IA com o Centro CEIA e o modelo GAIA

Goiás, tradicionalmente fora do radar quando se fala em inovação e tecnologia, acaba de se firmar como um dos protagonistas da inteligência artificial no Brasil. O estado surpreendeu o país ao liderar, por meio do Centro de Excelência em Inteligência Artificial da Universidade Federal de Goiás (CEIA/UFG), o desenvolvimento do GAIA, um modelo de IA de código aberto criado em parceria com o Google, voltado especialmente para o português do Brasil.

Desde a criação do Centro de Excelência em Inteligência Artificial (CEIA) da UFG, em 2019, fruto de uma política da FAPEG em parceria com o governo e setor privado, o cenário da tecnologia goiana mudou radicalmente. Com aporte de cerca de R$ 60 milhões e uma equipe que reúne mais de 380 especialistas, o CEIA já mantém mais de 60 linhas de pesquisa, contratos com dezenas de organizações públicas e privadas e projetos em áreas que vão do processamento de linguagem natural à visão computacional.

IA de Goiás desenvolvida por time de elite

O modelo foi testado por diversas organizações estratégicas, muitas delas localizadas em Goiás, como o Tribunal de Contas do Estado e o Tribunal de Contas dos Municípios, que estão usando a tecnologia para detectar similaridades entre processos e extrair informações de editais. Outras instituições envolvidas são a Unimed Fesp e empresas como BeNext, BHub e o CESAR, de Recife. A construção do GAIA também contou com o envolvimento de startups como a Amadeus AI e a Nama. A Amadeus já foi selecionada para o programa de aceleração de IA generativa da AWS emquanto a Nama, por sua vez, é uma veterana no setor de chatbots e atende empresas como Bradesco, Magazine Luiza e Grupo Pão de Açúcar.

Alunos já aproveitam: mais de R$ 1,5 milhões em negócios fechados

O impacto do CEIA vai além da pesquisa. Em 2024, a primeira turma do curso de graduação em Inteligência Artificial da UFG se formou com destaque: os 15 alunos já movimentaram mais de R$ 1,5 milhão em projetos aplicados. Isso mostra que o centro conseguiu conectar ensino, mercado e inovação em um mesmo ambiente, formando talentos e gerando resultados práticos.

A ascensão de Goiás no cenário nacional de IA revela uma mudança estrutural: centros fora do eixo Rio-São Paulo começam a ganhar protagonismo graças à união entre academia, setor público, startups e grandes empresas. O GAIA é um marco dessa transformação. É também um exemplo de como o Brasil pode desenvolver suas próprias soluções tecnológicas, valorizando o idioma, a cultura e os problemas locais. Com esse avanço, Goiás deixa de ser coadjuvante e assume um papel central no futuro da inteligência artificial brasileira.

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